Quando realidade e pesadelo se confundem
A trama acompanha Kathy (Zoe Kazan), uma jovem que retorna à cidade natal com o filho após uma separação conturbada. A relação conflituosa entre mãe e criança ganha contornos ainda mais tensos quando, em uma estrada isolada, eles sofrem um acidente e acabam presos em meio à floresta. Ali, um ser monstruoso começa a rondá-los, borrando a fronteira entre metáfora e ameaça real.
Com direção de Bryan Bertino (o mesmo de Os Estranhos), o longa articula a figura da criatura como projeção dos traumas, do vício e da fragilidade familiar, mantendo o suspense ancorado em dor emocional.
Sinopse
Kathy e sua filha Lizzy tentam sobreviver em um ambiente hostil, tanto pela presença da criatura quanto pelo peso de uma relação marcada por ressentimentos. Enquanto o terror físico avança, os conflitos psicológicos entre mãe e filha se intensificam, revelando que o verdadeiro monstro pode não estar apenas na estrada.
Ficha técnica
- Título original: The Monster
- Ano: 2016
- Direção/Roteiro: Bryan Bertino
- Elenco principal: Zoe Kazan, Ella Ballentine, Scott Speedman
- Duração: 91 min
- País: EUA
- Distribuidora: A24
- Gênero: Drama, Terror Psicológico
- Classificação: 16 anos
Elenco
- Zoe Kazan — Kathy
- Ella Ballentine — Lizzy
- Scott Speedman — Roy
Análise/Crítica (sem spoilers)
Drama íntimo mascarado de terror: mais do que um “filme de monstro”, Bertino entrega uma parábola sobre maternidade, culpa e amadurecimento. O ser que ronda a estrada é tanto ameaça literal quanto símbolo da destruição causada pela negligência e pelos vícios.
Atmosfera sufocante: a fotografia aposta em escuridão e chuva constante, reforçando o peso psicológico da narrativa. Cada cena externa reflete o desamparo dos personagens, enquanto os closes intensificam as falhas na comunicação entre mãe e filha.
Atuações que sustentam a tensão: Zoe Kazan imprime vulnerabilidade e dureza a Kathy, enquanto Ella Ballentine surpreende pela entrega em uma personagem infantil que não é apenas coadjuvante, mas centro emocional da história. A relação entre ambas carrega a força do filme.
Horror como metáfora: a criatura é assustadora, mas o verdadeiro choque vem das falhas humanas. O roteiro se recusa a dar respostas fáceis, deixando a interpretação aberta: o monstro pode ser literal, psicológico ou ambos ao mesmo tempo.
Um terror para pensar: sem grandes jump scares, o filme aposta em ritmo lento e atmosfera carregada, convidando o espectador a refletir sobre traumas pessoais. É mais A24 do que “terror comercial”, algo que pode dividir opiniões, mas conquista quem procura experiências intensas.
Veja o trailer
Conclusão
Um Monstro no Caminho (2016) é uma obra que usa o terror como lente para tratar de temas densos como vício, abandono e reconciliação. Não é um filme de sustos fáceis, mas uma experiência reflexiva e angustiante, que permanece ecoando muito depois do fim dos créditos.