Em cidade isolada, amor e identidade se distorcem quando um casal é tomado por um horror corporal de origem desconhecida.
A mistura perfeita entre romance e horror
Juntos (Juntos, no Brasil) é um dos filmes de terror mais aguardados de 2025 — e com razão. Produzido pela NEON, estúdio por trás de lançamentos recentes como Longlegs – Vínculo Mortal e O Macaco, o longa chamou atenção da crítica e do público logo nas primeiras exibições.
O diferencial? Além da trama visualmente perturbadora, o filme aposta na química real entre seus protagonistas: Dave Franco e Alison Brie, casados na vida real, que interpretam o casal central Tim e Millie. Essa conexão genuína eleva a intensidade emocional e dá mais peso às cenas de horror corporal.
Em uma frase: Juntos transforma a dependência amorosa em um pesadelo físico — e um comentário ácido sobre identidade e limites de um relacionamento.
A trama: amor, dependência e uma força sombria
Tim e Millie são um casal de hipsters na faixa dos 30, outrora “rei e rainha” da cena alternativa de Bushwick. Ela aceita um emprego como professora em uma cidade pequena; ele, apegado à coleção de vinis e ainda sonhando com a música, resiste à mudança.
Cercados por florestas e mistérios, eles descobrem uma formação rochosa com um lago oculto, marcada por sinais de rituais antigos. Após uma tempestade e um gole da água da fonte, algo muda: a atração física torna-se irresistível — até que, de forma grotesca, seus corpos começam a se fundir (pele colada, limites borrados, desejos incontroláveis).
O que seria uma metáfora da dependência emocional vira um pesadelo lovecraftiano, forçando o casal a confrontar segredos, ressentimentos e o medo de se separar — ou de nunca mais conseguirem se separar.
Terror corporal com alma de parábola moderna
Michael Shanks entrega mais do que sustos. Juntos funciona como parábola sobre relacionamentos codependentes e a dificuldade de “adultar” em uma geração sob alta expectativa. A fusão física é, ao mesmo tempo, punição cósmica e oportunidade bizarra de reconexão.
As influências de H. P. Lovecraft e John Carpenter aparecem nas texturas orgânicas e locações claustrofóbicas, mas há espaço para humor ácido e ternura improvável — como quando Millie, entre farpas, ajuda Tim a operar uma ferramenta elétrica para tentar separá-los.
Elenco e performances
Franco e Brie entregam atuações sem vaidade: o afeto, o cansaço e o rancor do casal são críveis. A confiança mútua dos atores aparece em olhares e silêncios, tornando plausíveis tanto os momentos de carinho quanto de crueldade. O elenco de apoio — com Damon Herriman e Mia Morrissey — reforça a inquietação constante.
Fotografia e atmosfera
A fotografia investe em contraste: tons quentes e aconchegantes no início dão lugar a sombras densas e luz fria, simbolizando a decadência da relação. A câmera frequentemente se aproxima demais, ampliando o desconforto e a sensação de aprisionamento físico e emocional.
Por que assistir?
- Inovação no horror corporal: metáfora potente com impacto visual.
- Química real dos protagonistas: aumenta o peso dramático.
- Direção ousada: terror, romance e sátira convivem sem tropeços.
- Estética perturbadora: agrada fãs de atmosferas à la Carpenter, com ecos lovecraftianos.
Ficha técnica
- Título original: Juntos
- Ano: 2025
- Direção/Roteiro: Michael Shanks
- Elenco: Dave Franco, Alison Brie, Damon Herriman, Mia Morrissey, Karl Richmond
- Gênero: Terror, Horror Corporal, Suspense Psicológico
- Classificação: 16 anos
Se você é fã de histórias que testam os limites do corpo e da mente, Juntos tem tudo para ser um dos filmes de terror mais comentados do ano.